O Xerife Chegou: Sysmon Finalmente Será Nativo no Windows

Se você é um administrador de sistemas ou um profissional de cibersegurança que já passou horas, talvez dias, implementando o Sysmon manualmente em centenas de máquinas, então a notícia da Microsoft é o equivalente a um feriado antecipado. Senão, prepare-se para entender por que essa mudança, aparentemente pequena, é um passo lógico e muito aguardado para a segurança do ecossistema Windows. A partir de 2026, conforme confirmado em um anúncio de Mark Russinovich, o criador do Sysinternals, e reportado por veículos como o BleepingComputer, o System Monitor (Sysmon) deixará de ser um download separado para se tornar um componente nativo do Windows 11 e do Windows Server 2025.

Uma Ferramenta Essencial, Agora Integrada

Para os não iniciados, o Sysmon é uma ferramenta gratuita do pacote Sysinternals da Microsoft. Sua função é monitorar e registrar atividades do sistema em um nível de detalhe forense, enviando tudo para o Windows Event Log. Por padrão, ele já observa eventos básicos como criação e término de processos. Contudo, seu verdadeiro poder reside na capacidade de usar arquivos de configuração avançados para rastrear atividades suspeitas, como alterações na área de transferência, consultas de DNS, criação de arquivos executáveis em locais incomuns e até tentativas de acesso a processos sensíveis como o LSASS (um alvo comum para roubo de credenciais).

O problema? Até agora, sua implementação em larga escala era um exercício de paciência e scripts. A integração nativa resolve essa questão de forma elegante. Segundo o comunicado, o Sysmon poderá ser instalado através da caixa de diálogo de "Recursos Opcionais" do Windows 11, e suas atualizações serão distribuídas diretamente pelo Windows Update. Isso significa menos gerenciamento manual e uma cobertura de segurança muito mais consistente em ambientes corporativos.

A Lógica Permanece: Como Vai Funcionar

A boa notícia para quem já domina a ferramenta é que a Microsoft manterá o conjunto de recursos padrão. O suporte para arquivos de configuração personalizados e filtros de eventos avançados continua intacto. Uma vez instalado como recurso opcional, um administrador poderá ativá-lo com um simples comando no Prompt de Comando para monitoramento básico:

sysmon -i

Para um monitoramento mais robusto, utilizando um arquivo de configuração específico, o comando continua familiar:

sysmon -i <nome_do_arquivo_de_config>

Por exemplo, para registrar a criação de novos executáveis nos diretórios C:ProgramData e C:Users, um administrador poderia usar uma configuração como esta, citada pelo BleepingComputer:

<Sysmon schemaversion="4.90">
  <HashAlgorithms>MD5,SHA256</HashAlgorithms>
  <EventFiltering>
    <FileExecutableDetected onmatch="include">
    <TargetFilename condition="begin with">C:ProgramData</TargetFilename>
    <TargetFilename condition="begin with">C:Users</TargetFilename>
    </FileExecutableDetected>
  </EventFiltering>
</Sysmon>

O Arsenal do Caçador de Ameaças

A integração nativa facilitará o acesso a um arsenal de eventos que são vitais para a detecção de atividades maliciosas. Entre os mais populares e úteis, destacam-se:

  • Event ID 1 – Process Creation: Essencial para detectar atividades suspeitas na linha de comando.
  • Event ID 3 – Network Connection: Registra conexões de saída, ajudando a identificar comunicação com servidores de comando e controle (C2).
  • Event ID 8 – Process Access: Pode expor tentativas de acesso ao processo LSASS para extração de credenciais.
  • Event ID 11 – File Creation: Rastreia a geração de arquivos de script, frequentemente usados na preparação de ataques de malware.
  • Event ID 25 – Process Tampering: Ajuda a identificar técnicas de evasão como process hollowing.
  • Event IDs 20 & 21 – WMI Events: Capturam atividades de persistência que utilizam WMI (Windows Management Instrumentation).

Um Futuro com Mais Documentação e IA

A Microsoft não está apenas integrando a ferramenta; ela também prometeu finalmente lançar uma documentação abrangente sobre o uso do Sysmon no próximo ano. Além disso, a empresa planeja introduzir novos recursos de gerenciamento empresarial e até mesmo capacidades de detecção de ameaças alimentadas por IA. Essa integração representa uma admissão lógica por parte da Microsoft: uma de suas ferramentas de segurança mais poderosas e aclamadas pela comunidade merecia ser parte do sistema operacional. Para os defensores da segurança digital, a verdade é que essa mudança já vem tarde, mas é, sem dúvida, muito bem-vinda.