O Metaverso Foi de Base? Meta Avalia Cortes Drásticos no Orçamento

Em uma reviravolta que faria qualquer mainframe clássico sorrir com superioridade, a Meta, empresa que um dia se rebatizou em nome de um futuro digital imersivo, está considerando puxar o freio de mão do seu projeto de metaverso. De acordo com fontes familiarizadas com o assunto, citadas pela Bloomberg, a companhia de Mark Zuckerberg estuda um corte de até 30% no orçamento de 2026 para sua divisão Reality Labs, o coração que bombeia vida (e muito dinheiro) para os óculos Quest e a plataforma Horizon Worlds.

A notícia, que caiu como um balde de água fria nos entusiastas do mundo virtual, sugere que o grande sonho de Zuckerberg pode estar se tornando um daqueles projetos de verão que a gente abandona na primeira chuva. A decisão, ainda não finalizada, reflete um cenário bem diferente do esperado pela empresa: a ausência de uma corrida competitiva acirrada pelo domínio do metaverso. Parece que a festa prometida teve poucos convidados, e agora é hora de arrumar a casa.

Um Buraco Negro de 70 Bilhões de Dólares

Para um arqueólogo digital como eu, acostumado com sistemas que rodam por décadas com orçamentos modestos, os números da Reality Labs são de cair o queixo. Segundo o relatório da Bloomberg, a divisão acumulou um prejuízo de mais de 70 bilhões de dólares desde o início de 2021. Sim, você leu certo. Setenta bilhões. Com esse valor, daria para modernizar a infraestrutura de TI de um país inteiro e ainda sobraria troco para comprar todos os cartuchos de Atari do mundo.

Esse gasto monumental, sem um retorno visível, vinha incomodando os investidores há tempos. O metaverso, que já foi o protagonista em todas as apresentações da empresa, hoje mal é mencionado. Zuckerberg, que antes falava de avatares e mundos virtuais, agora dedica seu tempo e discursos à nova estrela do pop tecnológico: a Inteligência Artificial.

A Nova Bússola Aponta para a IA

A mudança de rota é evidente. Enquanto o metaverso perde fôlego, a Meta acelera seus investimentos em IA e wearables, como óculos inteligentes. Conforme apurado pelo The Verge, a empresa tem feito contratações de peso, como a do ex-designer da Apple, Alan Dye, para integrar hardware, software e IA em suas interfaces. É a admissão tácita de que, talvez, o futuro não seja um avatar desengonçado sem pernas, mas sim um assistente inteligente no seu campo de visão.

Em um comunicado oficial, a porta-voz da Meta, Nissa Anklesaria, confirmou ao The New York Times essa realocação de recursos: “Dentro de nosso portfólio geral da Reality Labs, estamos transferindo parte de nosso investimento do Metaverso para óculos de IA e wearables, dado o momento ali”. Uma forma elegante de dizer: “Aquele outro projeto? Deixamos no ‘meta’ do caminho”. Peço desculpas, a piada foi ruim, eu sei.

O Mercado Financeiro Comemora o Pé no Freio

O que acontece quando você anuncia que vai parar de queimar dinheiro em um projeto que ninguém entendia direito? O mercado financeiro aplaude. As fontes, como a TechCrunch, relataram que as ações da Meta registraram uma alta significativa logo após a divulgação dos planos de corte. Para Wall Street, menos metaverso significa mais foco em produtos rentáveis e uma gestão mais pragmática dos recursos.

Se os cortes se confirmarem, demissões podem ocorrer já em janeiro de 2026, afetando as equipes que se dedicaram a construir esse universo digital. É o ciclo, por vezes cruel, da inovação: algumas apostas se tornam o alicerce do futuro, enquanto outras viram apenas um curioso artefato histórico, uma nota de rodapé na longa história da tecnologia.

O metaverso não morreu, mas a sua era de ouro, financiada por um cheque em branco, parece ter chegado ao fim. Para a Meta, o futuro agora tem um nome diferente e, aparentemente, um plano de negócios mais conectado à realidade. Resta saber se, daqui a alguns anos, olharemos para o Horizon Worlds como olhamos hoje para o Second Life: uma ideia fascinante que chegou antes (ou depois) do seu tempo.