Um Trono Vazio e uma Nova Realidade
O universo da tecnologia foi pego de surpresa em março de 2025 com a notícia do falecimento de Jong-Hee Han, co-CEO da Samsung Electronics, aos 63 anos. Segundo relatos de veículos como Reuters e Yonhap News Agency, Han, uma figura lendária que ingressou na empresa em 1988 e foi o arquiteto por trás do domínio de 19 anos consecutivos da Samsung no mercado de TVs, sofreu um ataque cardíaco. Sua ausência repentina deixou um vácuo de poder e uma pergunta no ar: quem assumiria o comando da gigantesca divisão de eletrônicos e dispositivos móveis em um dos momentos mais competitivos da história?
O Trono Vago e a Ascensão do 'Cara dos Celulares'
A resposta não demorou, mas veio em etapas. Em um primeiro momento, conforme noticiado pelo The Verge, a Samsung agiu rapidamente para estabilizar o barco, nomeando TM Roh, até então chefe da divisão Mobile eXperience (MX), como líder interino da divisão maior, a Device eXperience (DX). Essa divisão é o coração pulsante da Samsung para o consumidor, englobando não apenas os celulares Galaxy, mas também TVs, geladeiras e todo o ecossistema de eletrodomésticos conectados.
A escolha de Roh, no entanto, não foi isenta de controvérsias. O mesmo The Verge aponta que, sob sua liderança na divisão de celulares desde 2020, a Samsung enfrentou críticas por produzir aparelhos considerados “cada vez mais iterativos” e viu sua participação de mercado ser desafiada. A promoção, mesmo que temporária a princípio, gerou debates: seria ele o homem certo para pilotar uma nave tão complexa e diversificada? A Samsung estava apostando na continuidade de uma estratégia mobile-first ou apenas preenchendo uma lacuna emergencial? A confirmação oficial, que veio em um comunicado da Samsung em novembro de 2025, não apenas efetivou Roh como co-CEO e chefe da divisão DX, mas também revelou as verdadeiras ambições da companhia.
De TVs a Dispositivos Conectados: A Nova Ordem da Samsung
A efetivação de TM Roh representa uma mudança de guarda simbólica e estratégica. A era de Jong-Hee Han, o mestre das telas grandes que transformou a sala de estar, dá lugar a um líder forjado no campo de batalha dos smartphones, onde a conectividade e a experiência do usuário no bolso ditam as regras. A unificação sob o guarda-chuva da DX já indicava essa direção, mas a nova liderança a consolida. O futuro da Samsung não está mais ancorado apenas na TV da sala, mas no smartphone que a controla, na geladeira que conversa com ele e no relógio que monitora seus sinais vitais. É a passagem de uma estratégia de produtos para uma de ecossistemas, onde o software e a integração são os verdadeiros protagonistas.
O Plot Twist Quântico: O Verdadeiro Jogo da Samsung
Se a promoção de Roh foi o movimento esperado, o verdadeiro lance de mestre, aquele que nos faz sentir dentro de um roteiro de ficção científica, veio com os outros nomes anunciados. O comunicado oficial da Samsung revelou a nomeação de Hongkun Park como Chefe do Instituto de Tecnologia Avançada da Samsung (SAIT). E quem é Park? Apenas um renomado pesquisador, professor de Química e Física na Universidade de Harvard, especializado em nanociência, ciência quântica e engenharia. É aqui que o jogo muda de nível.
Essa contratação não é sobre o Galaxy S26 ou a próxima TV 8K. É sobre o que vem depois. É a Samsung investindo pesado na próxima revolução computacional. Enquanto o mercado discute telas dobráveis e inteligência artificial generativa, a gigante sul-coreana está montando um time para construir o futuro quântico. A nomeação de Park é um sinal claro de que a empresa está pensando em processadores que operam em um nível subatômico, em novos materiais e em uma tecnologia que hoje parece pertencer a filmes como Blade Runner. É uma aposta de longo prazo que pode redefinir completamente o que entendemos por “dispositivo”.
Um Sistema em Reboot
O que começou como uma reestruturação forçada pela trágica perda de um líder visionário se transformou em um dos movimentos mais audaciosos da Samsung em anos. A ascensão de TM Roh solidifica o presente focado em mobilidade e ecossistemas, enquanto a chegada de Hongkun Park planta a semente para um futuro quântico. A mensagem é clara: a Samsung não está apenas se adaptando às mudanças; está se preparando para provocá-las. Estamos testemunhando, em tempo real, o reboot de um gigante que se recusa a se tornar um espectador na próxima grande corrida tecnológica.
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