O Fim da Guerra dos Carregadores?

Imagine um futuro onde você nunca mais precise perguntar "alguém tem um carregador compatível?". Um mundo digno de uma cena de Cyberpunk 2077, onde energia é um recurso onipresente, sem a tirania dos cabos e conectores. Pois bem, esse futuro acaba de dar um passo gigantesco. O Wireless Power Consortium (WPC) anunciou em abril de 2025 a chegada do padrão Qi2.2, uma evolução que promete ser o grande tratado de paz na guerra do carregamento sem fio.

A principal novidade, segundo o comunicado do WPC, é o salto de potência. Saímos dos 15W, que eram o máximo desde o padrão Qi1.2 de 2015, para impressionantes 25W. Na prática, isso significa que seu celular vai carregar significativamente mais rápido, diminuindo a distância para as velocidades oferecidas pelos cabos USB-C. Mas a verdadeira mágica não está apenas na velocidade, e sim na unificação.

O padrão Qi2.2 solidifica o uso de ímãs para o alinhamento perfeito entre o carregador e o dispositivo. Se isso soa familiar, é porque é. A tecnologia, popularizada pela Apple como MagSafe no iPhone 12, foi generosamente compartilhada com o consórcio, permitindo que se tornasse a base para um padrão aberto. É como se a Federação e os Klingons finalmente assinassem um acordo de paz, beneficiando toda a galáxia de usuários. Agora, a conveniência do "clique" magnético não é mais um luxo de um ecossistema fechado.

A Corrida Armamentista dos Acessórios

Com um novo padrão unificado no mercado, a reação dos fabricantes de acessórios foi imediata e intensa. É uma verdadeira corrida do ouro para ver quem oferece o gadget mais inovador compatível com o Qi2.2. A lista de empresas que já anunciaram produtos é extensa e inclui nomes de peso:

  • Belkin
  • Anker
  • Mophie
  • Ugreen
  • Kuxiu
  • Nomad
  • Sharge
  • Satechi

Ugreen, por exemplo, foi uma das primeiras a anunciar o que chamou de "primeiro power bank certificado com Qi2.2 do mundo", o MagFlow Magnetic Power Bank, prometendo uma carga de 25W em um formato portátil para o terceiro trimestre de 2025. A Sharge, conhecida por seus designs criativos, lançou o Icemag 3, um power bank que, acredite se quiser, tem a aparência de uma câmera clássica Sony Cybershot, com direito a ventoinha ativa para refrigeração.

A Kuxiu também inovou com o K1 Ultra, um power bank que se abre e revela um segundo carregador para Apple Watch ou AirPods. Enquanto isso, a Nomad aprimorou suas bases de carregamento Stand One e Stand One Max, feitas de alumínio e vidro, para suportar os 25W do novo padrão. A Belkin não ficou para trás, lançando o UltraCharge Pro 3-in-1 e um carregador magnético com um suporte retrátil que funciona como kickstand. A variedade mostra que o mercado não está apenas adotando a nova velocidade, mas também explorando as possibilidades criativas que um padrão universal permite.

Google e Apple: De Mãos Dadas no Futuro Magnético

De nada adiantaria uma revolução nos acessórios se os próprios celulares não entrassem na dança. E a boa notícia é que os maiores jogadores do tabuleiro já moveram suas peças. Conforme noticiado pelo The Verge, a Apple, que ajudou a pavimentar o caminho, já atualizou seu carregador MagSafe para ser totalmente compatível com o padrão Qi2.2, permitindo que ele carregue dispositivos como o Google Pixel 10 Pro XL na velocidade máxima de 25W. Os novos iPhone 17, 17 Pro e 17 Pro Max também suportam essa velocidade.

Do lado do Android, o movimento é igualmente forte. O Google confirmou seu compromisso com o padrão, e a família Pixel 10 já inclui suporte ao Qi2, com o modelo Pixel 10 Pro XL sendo um dos primeiros a abraçar a velocidade total de 25W. Isso sinaliza o fim de uma era de fragmentação, onde a experiência de carregamento sem fio premium era drasticamente diferente entre um iPhone e um topo de linha Android.

O estabelecimento do Qi2.2 como um padrão aberto e poderoso é o alicerce que faltava. Ele não apenas acelera nossos aparelhos hoje, mas abre as portas para um futuro onde a energia sem fio se tornará tão comum quanto o Wi-Fi. Estamos nos despedindo lentamente da ansiedade de bateria e da caça por tomadas. O futuro não é apenas mais rápido; ele é magnético, universal e, finalmente, livre de fios.