Blue Origin revela planos para uma versão colossal de seu foguete New Glenn, que será mais alta que o icônico Saturn V

Na corrida espacial moderna, tamanho é documento. E parece que Jeff Bezos levou isso a sério. A Blue Origin acaba de revelar os planos para uma versão anabolizada de seu foguete New Glenn, uma variante superpesada que não só promete redefinir a capacidade da empresa, mas também ultrapassar em altura o lendário Saturn V, o titã que levou a humanidade à Lua. A novidade, anunciada após o segundo voo bem-sucedido do New Glenn, coloca a empresa em rota de colisão direta com a SpaceX pelo domínio do transporte espacial pesado, sinalizando que a competição no quintal cósmico está prestes a ficar muito mais interessante.

Um Gigante Desperta: Conheça o New Glenn 9x4

Vamos aos dados técnicos, que é onde a magia acontece. A nova versão, que a Blue Origin chama de New Glenn 9x4, é uma fera da engenharia. O nome, que parece código de produto de prateleira, é na verdade uma referência direta à sua motorização: nove motores BE-4 no primeiro estágio e quatro motores BE-3U no estágio superior. Segundo o comunicado da empresa, detalhado por veículos como o TechCrunch, isso é um upgrade considerável em relação à versão atual, a 7x2, que conta com sete e dois motores, respectivamente.

Essa potência extra se traduz em uma capacidade de carga impressionante. A Blue Origin afirma que o 9x4 será capaz de transportar mais de 70 toneladas métricas para a órbita baixa da Terra (LEO). Embora ainda um pouco abaixo da capacidade teórica atual de 100 toneladas do Starship da SpaceX, o número coloca a Blue Origin firmemente na categoria de foguetes superpesados. Para acomodar cargas maiores, o foguete também contará com uma coifa (o 'nariz' que protege o payload) mais ampla, com 8,7 metros de diâmetro. O objetivo é claro: abocanhar missões de mega-constelações de satélites, exploração lunar e do espaço profundo, e até mesmo contratos de segurança nacional, como o chamado "Golden Dome".

Mais Alto que a História

Para um arqueólogo digital como eu, que vê sistemas antigos como o COBOL com certo respeito, a comparação com o Saturn V é o que realmente chama a atenção. O foguete do programa Apollo não era apenas uma máquina; era um monumento, o auge da engenharia de uma era. Saber que o New Glenn 9x4 será fisicamente mais alto é um marco simbólico poderoso. É como se o seu avô contasse histórias sobre o Fusca dele e você aparecesse com um ônibus espacial na garagem. A conversa no almoço de domingo nunca mais seria a mesma.

Essa comparação visual, destacada pela própria Blue Origin em seus materiais de divulgação, não é acidental. Ela serve para cravar uma mensagem na mente do público e dos concorrentes: estamos construindo o futuro em cima dos ombros de gigantes, e agora somos mais altos que eles. Em uma imagem divulgada pela empresa, a renderização do novo foguete decolando tem, convenientemente, a Lua ao fundo. Uma indireta sutil, quase uma piscadela para a NASA e seus futuros contratos lunares.

Não é só tamanho, é performance (e um novo xerife no pedaço)

Apesar do foco no novo titã, a Blue Origin deixou claro que a versão 7x2 do New Glenn continuará voando e, mais importante, recebendo melhorias. Conforme reportado pelo Ars Technica, a empresa planeja uma série de upgrades para aumentar a performance geral de sua frota. Isso inclui aumentar o empuxo dos motores BE-4 e BE-3U, usar propelentes criogênicos super-resfriados para maior densidade e desenvolver coifas reutilizáveis, um truque que a SpaceX já domina há algum tempo.

Essa aceleração no ritmo de desenvolvimento e anúncios parece ter um nome: Dave Limp. Contratado por Jeff Bezos e vindo da Amazon, o novo CEO está sacudindo a cultura da Blue Origin, que por anos foi vista como uma empresa de pesquisa e desenvolvimento com ritmo lento, apesar dos bilhões injetados por seu fundador. Em uma entrevista ao Ars Technica, Limp foi direto: "A principal mudança cultural que estamos tentando alcançar é passar de uma empresa de P&D para uma empresa espacial de manufatura e operações". Os planos para o New Glenn 9x4, que uma fonte familiarizada com os planos da empresa sugere que poderia voar já em 2027, são a prova mais concreta dessa nova filosofia.

Com este anúncio, a Blue Origin não está apenas apresentando um novo foguete. Está declarando uma nova postura. A empresa que por muito tempo pareceu se contentar em correr em sua própria raia agora está entrando de vez na pista principal, pronta para disputar cada centímetro do espaço. Para nós, observadores e entusiastas, a notícia é excelente: a corrida espacial do século 21 acaba de ganhar um competidor de peso, e o céu, definitivamente, não é mais o limite.