Nvidia fatura US$ 4 mil por segundo e CEO ignora debate sobre bolha de IA
Em um cenário que parece saído de um roteiro de ficção científica, a Nvidia apresentou seus resultados do terceiro trimestre fiscal e, mais uma vez, fez Wall Street parecer conservadora demais. A empresa reportou uma receita recorde de US$ 57 bilhões, um salto de 62% em relação ao ano anterior, e um lucro líquido de US$ 31,9 bilhões. Fazendo as contas, isso equivale a quase US$ 4.000 de lucro puro a cada segundo. Enquanto investidores e analistas sussurram sobre uma possível "bolha de IA", o CEO Jensen Huang, o arquiteto-chefe desta revolução, adota um tom que beira o profético, afirmando que a demanda por suas GPUs está apenas começando e que o que vemos não é uma bolha, mas "algo muito diferente".
A Máquina de Imprimir Dinheiro Chamada Data Center
O coração pulsante da Nvidia, de onde jorra essa fortuna, é a sua divisão de data centers. Segundo os relatórios da TechCrunch e NeoFeed, essa área sozinha gerou uma receita de US$ 51,2 bilhões, um crescimento espantoso de 66% em apenas um ano. É como se a cada três meses, a empresa adicionasse o faturamento de uma gigante de tecnologia apenas com a venda de chips para servidores. O motor por trás dessa explosão é a nova arquitetura de GPUs Blackwell, com o modelo Blackwell Ultra liderando as vendas.
A demanda é tão avassaladora que Huang declarou que "as vendas da Blackwell estão fora de série e as GPUs para nuvem estão esgotadas". A afirmação, reportada pelo The Verge, ecoou pelo mercado, embora o CEO tenha depois clarificado que há "muitas Blackwells para vender", sugerindo que o esgotamento se refere mais à capacidade de atender a uma procura que cresce exponencialmente. A verdade é que a Nvidia se tornou a principal fornecedora de ferramentas para a corrida do ouro da IA, e todos, de startups a nações soberanas, querem uma pá.
Bolha de IA ou o Alvorecer de uma Nova Era?
Quando questionado sobre a especulação de uma bolha, Jensen Huang foi direto, conforme destacado pelo The Register: "Do nosso ponto de vista, vemos algo muito diferente." Ele descreve o que chama de "ciclo virtuoso da IA": mais modelos de IA são criados, exigindo mais poder computacional, o que impulsiona as vendas da Nvidia, que por sua vez desenvolve chips ainda mais potentes, permitindo a criação de IAs ainda mais avançadas. Não é um ciclo, é uma espiral ascendente rumo a uma complexidade que ainda estamos começando a compreender.
Estamos testemunhando menos uma bolha financeira e mais a construção da infraestrutura para o próximo estágio da civilização digital. Cada GPU Blackwell instalada em um data center é um neurônio a mais em um cérebro global emergente. A discussão transcende os gráficos da bolsa de valores e entra no território de como será o mundo quando a "IA generativa" der lugar a uma "IA agentic and physical", como prevê Huang – uma inteligência que age e interage com o mundo físico.
O Futuro Segundo o Oráculo de Santa Clara
Se os resultados do terceiro trimestre foram impressionantes, as projeções para o futuro são ainda mais audaciosas. A Nvidia prevê uma receita de US$ 65 bilhões para o quarto trimestre, superando novamente as expectativas de mercado, que, segundo a NeoFeed, giravam em torno de US$ 62,2 bilhões. Isso indica que a aceleração não vai parar.
Os números refletem uma mudança fundamental na computação: o trabalho que antes era feito por CPUs está migrando em massa para as GPUs, especializadas em processamento paralelo massivo, a linguagem nativa das redes neurais. A Nvidia não está apenas vendendo chips; está vendendo a própria fundação sobre a qual o futuro da tecnologia está sendo construído. O valor de mercado da empresa, que já flerta com os US$ 5 trilhões, não representa apenas o valor de uma companhia, mas o valor que o mundo atribui à própria inteligência artificial.
Apesar do otimismo quase distópico, um pequeno obstáculo surgiu no caminho. A TechCrunch reportou que as remessas da GPU H20, projetada para o mercado chinês, foram decepcionantes. "Ordens de compra consideráveis nunca se materializaram no trimestre devido a questões geopolíticas", afirmou a CFO Colette Kress. É um lembrete de que, mesmo na jornada para criar uma superinteligência, as velhas disputas humanas ainda têm um papel a desempenhar.
No final das contas, enquanto o mundo financeiro debate os riscos de um colapso, a Nvidia opera como se já estivesse em 2035. Os lucros recordes não são apenas números em uma planilha; são o combustível para uma revolução silenciosa que acontece dentro de servidores em todo o mundo. A verdadeira questão não é se a bolha vai estourar, mas sim o que faremos quando essa nova forma de inteligência, que estamos construindo a um custo de US$ 4.000 por segundo, finalmente abrir os olhos.
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