OpenAI e AMD: Uma Aliança Bilionária por GPUs e Ações

A OpenAI, em sua busca incessante por poder computacional para alimentar projetos como o Stargate, anunciou uma parceria de peso com a AMD. O acordo prevê o fornecimento de até seis gigawatts de GPUs da AMD para a gigante da IA, que, em contrapartida, receberá warrants para adquirir até 160 milhões de ações da fabricante de chips. Segundo uma análise dos registros da SEC citada por Alex Wilhelm, essa aquisição pode ocorrer por um preço simbólico de aproximadamente US$ 0,01 por ação, solidificando uma aliança que pode redesenhar o cenário de hardware para inteligência artificial.

Desmontando o Acordo: A Lógica da Transação

A estrutura do negócio é um exemplo de engenharia financeira e estratégica. A lógica é direta: se a OpenAI cumprir sua parte e adquirir as GPUs em fases, então ela desbloqueia o direito de se tornar uma das maiores acionistas da AMD. O acordo, detalhado em publicações como a de Alex Wilhelm, estabelece um cronograma claro:

  • A primeira remessa de GPUs, incluindo o modelo Instinct MI450, está prevista para começar no segundo semestre de 2026, com uma capacidade inicial de um gigawatt.
  • O direito de compra das 160 milhões de ações (warrants) será liberado em tranches. A primeira parte se torna acessível com a implementação do gigawatt inicial.
  • As tranches subsequentes serão liberadas à medida que as compras de GPUs escalarem até atingir a meta de seis gigawatts.

O processo de vesting também está condicionado a outros fatores. Conforme os documentos, a liberação das ações depende do "AMD atingir certas metas de preço de ação e da OpenAI alcançar os marcos técnicos e comerciais necessários". Essencialmente, o sucesso da OpenAI em implementar a tecnologia da AMD em larga escala está diretamente atrelado ao seu benefício financeiro como acionista. É uma aposta mútua no sucesso da parceria.

Por Que a AMD? Uma Análise Custo-Benefício

A decisão da OpenAI de se aliar à AMD, e não aprofundar sua dependência da Nvidia, pode ser dissecada com uma lógica quase matemática. Se o objetivo é garantir um fornecimento massivo de chips em um mercado onde a demanda supera a oferta, então a diversificação de fornecedores não é apenas uma opção, mas uma necessidade. A Nvidia, atual líder de mercado, tem suas GPUs disputadas por todas as grandes empresas de tecnologia, tornando negociações de grande volume e com benefícios extras, como equity, extremamente difíceis.

A AMD, por outro lado, representa uma alternativa estratégica. Como uma empresa menor em valor de mercado, um acordo dessa magnitude é muito mais impactante para ela do que seria para a Nvidia, o que, por sua vez, deu à OpenAI a alavancagem para negociar os warrants a um preço irrisório. Além disso, a promessa de desempenho do futuro chip Instinct MI450, que a AMD alega que irá superar as ofertas da concorrência, torna a aposta tecnicamente justificável. Conforme apontado pela reportagem do The Register, este movimento garante um cliente de prestígio para a AMD e valida seus chips de IA como uma alternativa viável aos da Nvidia.

A Reação do Mercado e o Jogo de Xadrez da IA

A resposta do mercado financeiro foi imediata e positiva para a AMD. Após o anúncio, as ações da empresa dispararam mais de 37%, um sinal claro de que os investidores veem o acordo como uma validação fundamental da sua posição no setor de IA. Em comunicado oficial repercutido pelo The Register, a CEO da AMD, Dra. Lisa Su, classificou a parceria como um "verdadeiro ganha-ganha", enquanto a CFO, Jean Hu, projetou que o acordo deverá gerar "dezenas de bilhões de dólares em receita" para a empresa.

Este acordo se insere em um padrão maior, que o The Register descreve como um "circuito de trilhões de dólares". Nesse ecossistema, gigantes como OpenAI, Nvidia, Oracle e Microsoft estão criando uma teia de investimentos e contratos interdependentes. A OpenAI financia seus fornecedores, que por sua vez garantem o hardware para seu crescimento. É uma economia circular que infla as avaliações e cria a percepção de uma expansão vertiginosa, mas que também aumenta o risco sistêmico. A OpenAI não está apenas comprando chips; está se tornando sócia de seus fornecedores, amarrando seus destinos de forma inextricável.

A conclusão lógica é que a OpenAI está construindo uma fundação de hardware para suas ambições, e a AMD se tornou uma coluna de sustentação. A parceria é uma declaração factual de que o monopólio da Nvidia no hardware de IA está sendo desafiado. No entanto, a premissa de todo esse ecossistema depende de uma variável final: se a demanda massiva por serviços de IA, que hoje geram mais custos do que receita, não se monetizar como o esperado, então toda essa complexa estrutura de negócios, construída sobre si mesma, pode enfrentar um teste de estresse de proporções inéditas.