O conglomerado japonês SoftBank, conhecido por suas apostas audaciosas no mundo da tecnologia, acaba de fazer mais uma jogada de mestre (ou de alto risco, só o tempo dirá). A empresa anunciou a aquisição da unidade de negócios de robótica do Grupo ABB, sediado na Suíça, por uma quantia de US$ 5,375 bilhões. O anúncio, feito em 8 de outubro de 2025, solidifica a nova obsessão do seu fundador e CEO, Masayoshi Son: a "IA Física".

Em comunicado oficial, Son foi direto ao ponto: "A próxima fronteira do SoftBank é a IA Física". A visão é unir o que ele chama de "Inteligência Artificial Super-humana" (ASI) com a robótica para criar uma "evolução inovadora que impulsionará a humanidade". Em outras palavras, o SoftBank não quer mais apenas IAs que pensam; ele quer IAs que fazem.

Uma Nova Diplomacia Entre Silício e Aço

Mas o que diabos é "IA Física"? Pense nisso como a construção de uma ponte diplomática entre dois mundos que, até agora, conversavam com certa dificuldade. De um lado, temos o universo do silício: os cérebros digitais, os algoritmos complexos e os data centers massivos. Do outro, o mundo do aço: os braços mecânicos, os sensores e os atuadores que compõem os robôs. A IA Física é o protocolo de comunicação, a API universal que permite que o cérebro da IA controle o corpo do robô de forma fluida e inteligente.

O SoftBank está investindo bilhões para ser o principal arquiteto dessa integração. A ideia é que suas futuras IAs não fiquem confinadas em servidores, respondendo a prompts de texto. Elas terão corpos para executar tarefas no mundo real, desde montar componentes complexos em uma fábrica até realizar a limpeza de grandes instalações. A aquisição da ABB Robotics é um passo fundamental para fornecer a estrutura física para essa ambição.

O Ecossistema de Robôs do SoftBank

Essa não é a primeira incursão do SoftBank no universo dos robôs. Muitos se lembram do Pepper, o "robô emocional" que, segundo a The Verge, foi superestimado e acabou sendo um fracasso comercial. A lição parece ter sido aprendida. A nova estratégia parece menos focada em criar companheiros simpáticos e mais em construir um ecossistema robusto e industrialmente viável.

De acordo com a TechCrunch, o SoftBank já possui um portfólio considerável no setor, com investimentos em empresas como a AutoStore, especializada em automação de armazéns, e startups como Skild AI e Agile Robots. A própria SoftBank Robotics Group foi lançada em 2014. A compra da divisão da ABB não é um tiro no escuro, mas a adição de uma peça-chave a um quebra-cabeça que vem sendo montado há anos. A interoperabilidade entre essas diferentes plataformas será o grande desafio e, se bem-sucedida, o grande trunfo da companhia.

Os Detalhes da Negociação Bilionária

A unidade de robótica da ABB é um gigante por si só. Com aproximadamente 7.000 funcionários, a divisão é responsável por criar uma vasta gama de robôs e equipamentos para tarefas como coleta, pintura e limpeza. Em 2024, a unidade gerou uma receita de US$ 2,3 bilhões, representando 7% da receita total da ABB. No entanto, este número representa uma queda em relação aos US$ 2,5 bilhões do ano anterior, e o SoftBank declarou, conforme reportado pela TechCrunch, que espera "reacender" as vendas após a aquisição.

A transação ainda depende de aprovações regulatórias, e a expectativa do SoftBank é que o negócio seja concluído entre meados e o final de 2026. Com a conclusão, Sami Atiya, que chefiava a divisão na ABB, deixará a empresa. A aquisição mostra que, para o SoftBank, o potencial de crescimento e a sinergia com sua visão de IA superam o desafio de reverter uma leve tendência de queda na receita.

A Grande Aposta na Inteligência Super-humana

A compra da ABB Robotics se encaixa perfeitamente na estratégia maior do SoftBank, que, segundo a empresa, se concentra em quatro áreas principais: robótica, chips de IA, data centers de IA e energia. É a montagem de um ecossistema completo para dominar a próxima era da computação. A empresa acredita que a "Revolução da Informação" está entrando em uma nova fase, liderada pela inteligência artificial.

Ao conectar seus investimentos em poder de processamento (chips e data centers) com a capacidade de atuação física (robôs), o SoftBank está construindo as fundações para sua grande meta: realizar a Inteligência Artificial Super-humana (ASI) para o avanço da humanidade. É uma visão grandiosa e, com um cheque de US$ 5,4 bilhões, fica claro que Masayoshi Son está disposto a pagar para ver.