Microsoft vai instalar apps do 365 à força no Windows 11
Prepare seu Windows 11, pois a Microsoft decidiu que ele precisa de mais alguns amigos. A partir do final de outubro de 2025, a gigante da tecnologia começará a instalar automaticamente os aplicativos complementares do Microsoft 365 em todos os dispositivos que já possuem o cliente de desktop da suíte de produtividade. A implementação, prevista para ser concluída até o final de dezembro de 2025, adicionará os aplicativos Pessoas, Arquivos e Calendário diretamente na sua barra de tarefas, num movimento que a empresa descreve como uma otimização, mas que muitos podem ver como uma invasão.
Se é para o seu bem, então por que é forçado?
A lógica apresentada pela Microsoft para essa instalação compulsória é, no mínimo, interessante. Em um comunicado oficial no centro de mensagens do Microsoft 365, a empresa afirma que "esses aplicativos integrados à barra de tarefas são projetados para otimizar os fluxos de trabalho diários, ajudando os usuários a manter o foco, reduzir a troca de contexto e concluir tarefas mais rapidamente". A justificativa centraliza-se na eficiência e na integração com o Copilot, o assistente de IA da companhia. Segundo eles, com essa integração, "os usuários podem basear seus prompts no contexto certo — seja um arquivo compartilhado, uma reunião ou um colaborador".
Aqui entra a análise forense. Se a ferramenta é tão benéfica e otimiza o fluxo de trabalho, então a adoção orgânica seria o caminho natural. A necessidade de uma instalação forçada sugere uma de duas coisas: ou a Microsoft não confia que os usuários verão o valor por conta própria, ou o objetivo principal não é apenas a conveniência do usuário, mas sim a consolidação do ecossistema e a coleta de dados de engajamento para o Copilot. A empresa chegou a aconselhar os administradores de TI a informar seus usuários "para definir expectativas" antes que os aplicativos apareçam, um eufemismo corporativo para "avisem que vamos instalar coisas sem que eles peçam".
O que exatamente vai aparecer no seu PC?
Os três aplicativos que serão adicionados são: Pessoas, para localizar contatos dentro da organização; Arquivos, para acessar documentos do Microsoft 365 e arquivos armazenados localmente; e Calendário, para gerenciar sua agenda diretamente da barra de tarefas do Windows 11. O problema, para muitos, não está na utilidade potencial desses aplicativos, mas na sua implementação.
Conforme detalhado em documentos de suporte da própria Microsoft, os aplicativos Pessoas, Arquivos e Calendário serão configurados para iniciar automaticamente com o sistema. A justificativa? Garantir que eles "mostrem resultados relevantes assim que os usuários abrirem o aplicativo" e ajudem a "consultar contatos, encontrar arquivos e verificar sua agenda rapidamente, sem demora". Em outras palavras, eles consumirão recursos desde o boot, estejam você planejando usá-los ou não. A boa notícia é que esse comportamento de inicialização automática, ao menos, pode ser desativado manualmente nas configurações de cada aplicativo.
Existe uma saída: como resistir à gentileza da Microsoft
Se você é do tipo que prefere manter seu sistema operacional o mais limpo possível, nem tudo está perdido. Embora a instalação seja automática para o usuário final comum, os administradores de TI têm uma válvula de escape. A Microsoft forneceu um método para optar por não participar dessa "atualização" através do centro de administração do Microsoft 365 Apps.
Para os responsáveis pela infraestrutura de TI que desejam poupar seus usuários dessa surpresa, o processo é o seguinte:
- Faça login no centro de administração do Microsoft 365 Apps com uma conta de administrador.
- Navegue até Personalização > Configuração do Dispositivo > Configurações de Aplicativos Modernos.
- Selecione 'Aplicativos complementares do Microsoft 365' e desmarque a opção 'Ativar a instalação automática de aplicativos complementares do Microsoft 365'.
Para o usuário doméstico, a situação é mais reativa do que proativa. Após a instalação, será preciso entrar em cada um dos três aplicativos e desativar a opção "Iniciar aplicativo minimizado quando você fizer login" para evitar que eles consumam recursos na inicialização.
A Estratégia Maior: Tudo Leva ao Copilot
Este movimento não é um caso isolado. Ele faz parte de uma ofensiva agressiva da Microsoft para embutir o Copilot em todas as facetas de seus produtos. Apenas uma semana antes deste anúncio, a empresa notificou os administradores que começaria a instalar à força o aplicativo Microsoft 365 Copilot em dispositivos Windows fora do Espaço Econômico Europeu (EEE). Em setembro, agentes do Copilot também começaram a ser adicionados à barra lateral do Edge, facilitando o acesso durante a navegação.
A lógica da Microsoft parece ser esta: se o futuro é a IA, então o Copilot precisa estar onipresente. Para que o Copilot seja eficaz, ele precisa de contexto. E para obter contexto, ele precisa de acesso fácil e integrado aos seus arquivos, seus contatos e sua agenda. A instalação forçada desses aplicativos complementares é, portanto, um passo fundamental para alimentar o motor da IA com os dados necessários para funcionar como a empresa planeja.
Conclusão: Eficiência Imposta
No final das contas, a decisão da Microsoft de instalar automaticamente os aplicativos complementares do 365 é um exemplo clássico do eterno cabo de guerra entre a conveniência oferecida pela empresa e o controle desejado pelo usuário. A promessa é de um fluxo de trabalho mais ágil e uma integração mais profunda com a inteligência artificial. O preço, no entanto, é mais um pedaço da autonomia sobre o próprio sistema operacional sendo cedido. Resta saber se os benefícios prometidos serão suficientes para que os usuários simplesmente aceitem os novos ícones em sua barra de tarefas ou se veremos mais um ciclo de scripts e tutoriais da comunidade sobre "como remover o que a Microsoft instalou".
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