O Fim Programado: Microsoft Desliga Suporte do Windows 10 e Office em 2025
Marquem em seus calendários: 14 de outubro de 2025. Esta é a data que a Microsoft escolheu para encerrar oficialmente a comunicação com alguns de seus produtos mais populares, incluindo o onipresente Windows 10. A partir deste dia, um ecossistema inteiro de softwares e hardwares deixará de receber atualizações de segurança, forçando usuários e empresas a uma decisão complicada: atualizar, pagar por sobrevida ou se expor a riscos digitais. É o fim de uma era e o início de uma grande dor de cabeça para milhões de pessoas que dependem dessas ferramentas para trabalho e lazer.
O Apocalipse Coordenado: Uma Rede Inteira Desconectada
A Microsoft não está apenas puxando a tomada do Windows 10. A empresa está orquestrando um verdadeiro desligamento em massa de várias pontas do seu ecossistema. Pense nisso como uma ordem para que vários diplomatas se retirem de seus postos ao mesmo tempo, cortando linhas de comunicação vitais. Segundo os comunicados da empresa, detalhados em veículos como o The Register, a lista de 'aposentadorias' para 14 de outubro de 2025 é extensa e impacta diferentes frentes:
- Windows 10 22H2: As versões Home, Pro, Enterprise e IoT Enterprise não receberão mais atualizações de segurança.
- Microsoft Office 2016 e 2019: As suítes de produtividade, incluindo Word, Excel e PowerPoint, chegarão ao fim da linha sem direito a extensões.
- Servidores Corporativos: O Exchange Server 2016 e 2019, além do Skype for Business Server 2015 e 2019, também terão seu suporte principal encerrado.
- Hardware de Sala de Reunião: O Surface Hub v1, que roda o Windows 10 Team Edition, não terá opção de upgrade e se tornará obsoleto. Além disso, os dispositivos Microsoft Teams Room (MTR) baseados em Windows 10 também deixarão de ser suportados.
O impacto nos ambientes corporativos é significativo. Andrew Francis, da Shure, alertou no The Register que, de cerca de um milhão de MTRs ativos no mundo, uma proporção considerável dos baseados em Windows não poderá ser atualizada. Isso significa que muitas empresas terão nas paredes de suas salas de reunião o que pode ser descrito como 'zumbis tecnológicos': equipamentos caros, que ainda funcionam, mas sem o suporte de segurança necessário para operar em uma rede corporativa.
A Escolha de Sofia do Usuário: Migrar, Pagar ou Arriscar?
Diante do fim iminente do suporte, a Microsoft apresenta algumas rotas de fuga, cada uma com seus próprios custos e desafios. A conversa que a empresa quer ter é sobre modernização, mas para o usuário final, as opções se resumem a três caminhos principais.
A primeira opção, e a mais recomendada pela Microsoft, é a migração para o Windows 11. O problema? Os requisitos de hardware, considerados draconianos por muitos, deixam milhões de máquinas para trás. Estimativas apontam que entre 200 e 400 milhões de PCs atualmente em uso são incompatíveis com o novo sistema operacional, tornando a compra de um novo computador a única forma de seguir este caminho.
A segunda via é para quem tem apego ao hardware antigo ou um orçamento mais restrito: o programa de Atualizações de Segurança Estendidas (ESU). Este serviço pago funciona como uma UTI para softwares em estado terminal, prolongando a vida útil do Windows 10 com patches de segurança. Como reportado, para consumidores, o custo pode ser de 30 dólares por um ano, com a exigência de usar produtos da Microsoft como o Windows Backup para se qualificar para opções gratuitas.
A terceira e última opção é a mais perigosa: simplesmente ignorar os avisos. Embora os computadores não parem de funcionar no dia 15 de outubro de 2025, eles se tornarão alvos fáceis. Sem as atualizações mensais de segurança, esses sistemas ficarão expostos às mais recentes ameaças digitais, transformando uma economia de curto prazo em um risco de segurança de longo prazo.
A Rebelião dos Consumidores: Críticas sobre Lixo Eletrônico e Hipocrisia
A decisão da Microsoft de encerrar o suporte ao Windows 10 não passou despercebida por grupos de defesa do consumidor. Organizações como a Consumer Reports e o Public Interest Research Group (PIRG) se manifestaram publicamente contra a medida. Em uma carta aberta ao CEO Satya Nadella, divulgada pelo The Verge, a Consumer Reports acusa a empresa de hipocrisia, questionando como a Microsoft pode defender a cibersegurança com o Windows 11 enquanto deixa deliberadamente milhões de usuários do Windows 10 vulneráveis.
A crítica se baseia em dados sólidos: segundo informações citadas pela própria organização, em agosto de 2025, cerca de 46,2% dos usuários de Windows em todo o mundo ainda utilizavam o Windows 10. Além da vulnerabilidade digital, o PIRG levanta outra bandeira vermelha: o impacto ambiental. A obsolescência programada de até 400 milhões de computadores perfeitamente funcionais pode gerar uma onda massiva de lixo eletrônico, um problema global crescente.
Conclusão: O Fim da Conversa e a Migração Forçada
Seja por uma estratégia de mercado para impulsionar a venda de novos hardwares e assinaturas do Microsoft 365, seja por uma necessidade real de modernizar sua base de usuários, o fato é que em 14 de outubro de 2025 a Microsoft encerrará o diálogo com uma parte significativa de seu passado. Para milhões de usuários e empresas ao redor do mundo, o recado é claro: as pontes de comunicação estão sendo recolhidas. A partir dessa data, quem ficar para trás estará operando em uma ilha digital, sem o suporte e a proteção da empresa que a criou. A contagem regressiva começou, e a grande migração, quer você queira ou não, é inevitável.
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