AMD Culpa Fabricantes de Placas-Mãe por Queima de Processadores Ryzen X3D
Em uma declaração que soa como um eco recente na indústria de hardware, a AMD atribuiu a responsabilidade por falhas e queimas de seus populares processadores Ryzen da série X3D aos fabricantes de placas-mãe. Durante uma entrevista ao site coreano Quasar Zone, os executivos da AMD, David McAfee e Travis Kirsch, afirmaram que alguns parceiros, na busca incessante por um pingo a mais de performance, estão configurando suas placas com padrões de energia que excedem as especificações recomendadas, resultando em superaquecimento e danos físicos aos componentes.
A Crônica de um Superaquecimento Anunciado
Os processadores Ryzen com tecnologia X3D, conhecidos por seu cache L3 adicional de 64MB, tornaram-se os queridinhos dos gamers de PC por oferecerem um ganho de desempenho desproporcional em jogos. Contudo, essa tecnologia extra parece vir acompanhada de dores de cabeça adicionais. Pouco após o lançamento dos modelos mais recentes, relatos de usuários começaram a surgir, variando de falhas de inicialização a casos extremos de componentes fisicamente queimados. O problema, segundo o site Ars Technica, parece ser particularmente comum em configurações que unem o processador 9800X3D com placas-mãe da ASRock. Um tópico no Reddit já documenta 157 incidentes de falha apenas para este modelo de CPU em diversas placas da fabricante, um número que acende um alerta para a comunidade de montadores de PC.
Um Déjà Vu no Mundo do Silício
Para quem acompanha o universo do hardware, essa história é terrivelmente familiar. A própria plataforma AM5 da AMD já passou por uma crise parecida no início de 2023. Naquela ocasião, alguns processadores Ryzen 7000 da série X3D estavam sofrendo deformações físicas, com o surgimento de "calombos" na base que poderiam danificar permanentemente tanto a CPU quanto os pinos do soquete da placa-mãe. A AMD, na época, culpou as configurações de voltagem incorretas de algumas placas e liberou atualizações de BIOS para impor limites mais rígidos e corrigir o problema.
A situação também espelha o drama vivido pela Intel ao longo de meses para diagnosticar problemas de degradação de desempenho e estabilidade em seus processadores Core de 13ª e 14ª gerações. Após múltiplas ondas de correções, a conclusão da Intel foi semelhante: um dos principais fatores contribuintes era o fato de os fabricantes de placas-mãe se afastarem demais das configurações padrão recomendadas pela empresa. O caso foi tão significativo que a Intel acabou estendendo a garantia de todos os processadores afetados para cobrir os danos.
A Complexidade da Longevidade
David McAfee e Travis Kirsch, da AMD, apontaram um desafio que é quase uma exclusividade da empresa: a dificuldade de testar e rastrear problemas devido à longa vida útil de seus chipsets e soquetes de CPU. A vasta gama de ferramentas de overclock e ajuste de energia da AMD, combinada com a retrocompatibilidade, cria um universo de configurações possíveis muito maior do que o da concorrência. Para um arqueólogo digital, é fascinante e assustador pensar que uma placa-mãe X370, lançada em 2017 para o soquete AM4, poderia, em teoria, ser pareada com um processador atual como o Ryzen 5 5500X3D. Mesmo na plataforma mais nova, a AM5, usuários podem instalar os mais recentes chips Ryzen X3D em placas-mãe com três anos de idade, um caminho de upgrade que simplesmente não tem equivalente no ecossistema da Intel.
A Solução: Mantenha seu BIOS em Dia
Diante do cenário, a recomendação da AMD é clara e direta: mantenha o BIOS de sua placa-mãe sempre atualizado. Segundo os executivos, instalar as versões mais recentes assim que são liberadas pelos fabricantes é a forma mais eficaz de garantir que o sistema opere com as configurações padrão mais seguras, conforme são ajustadas pela AMD e seus parceiros. Além de mitigar os riscos de superaquecimento, as atualizações de BIOS frequentemente adicionam suporte para novos processadores, melhoram a compatibilidade de memória e corrigem falhas de segurança. Em um ecossistema onde a busca por performance às vezes ultrapassa os limites da prudência, a melhor defesa do usuário parece ser a vigilância e a manutenção de software.
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