A transformação dos mainframes tem ganhado destaque em 2025, mostrando que, mesmo sistemas considerados "vintage", como os que inspiraram lendas automotivas – pense na primeira Maserati ou Ferrari –, podem ser reinventados para atender as demandas modernas do setor público. O debate acalorado sobre a modernização da TI governamental ganhou novos contornos com a recente discussão apresentada pelo artigo publicado em 18 de abril de 2025 pela SD Times, onde especialistas afirmam que o problema não é o mainframe em si, mas a maneira como seus aplicativos são administrados e atualizados.
O avanço dos mainframes – que hoje suportam 72% do poder computacional mundial, custando apenas 8% dos gastos em TI – evidencia que a base confiável construída ao longo de décadas continua sendo fundamental para a segurança e a eficiência em ambientes críticos. Com a evolução contínua, tecnologias como a IBM z16, lançada em 2023, e o aguardado z17, com seu foco em segurança, escalabilidade e suporte a novas cargas de trabalho, ilustram como plataformas clássicas podem se adaptar para atender às exigências do mundo contemporâneo.
Modernização e integração com as melhores práticas
Os desafios da modernização dos sistemas legados não residem apenas na necessidade de atualizar o código, mas também em como integrar tais sistemas a ambientes de nuvem e DevOps, onde a agilidade e a automação são indispensáveis. Agências governamentais têm adotado estratégias variadas para ajustar seus mainframes: algumas investem de forma gradual, expandindo sua infraestrutura à medida que a demanda cresce; outras apostam na refatoração de código com o apoio de ferramentas de inteligência artificial generativa, que oferecem explicações claras e documentações automáticas para códigos antigos, facilitando a transição para paradigmas mais modernos.
Essa terceira abordagem, que envolve a reinvenção completa com a adoção de metodologias ágeis e práticas modernas de desenvolvimento, busca reduzir dívidas técnicas e integrar os mainframes aos fluxos de trabalho que já são comuns no mundo das aplicações distribuídas. Em um cenário onde a burocracia e a tradição muitas vezes são apontadas como obstáculos à inovação no setor público brasileiro, essas iniciativas demonstram um compromisso em equilibrar segurança e eficiência com as demandas da era digital.
O papel da inteligência artificial e a cultura do desenvolvimento
A modernização dos mainframes não se resume à mera atualização de hardware ou software. Envolve uma mudança cultural que prioriza a experiência do desenvolvedor, a automação de processos e a eliminação de gargalos manuais. Ferramentas que possibilitam a integração contínua, o teste automatizado e o controle de versões são essenciais para transformar aplicações legadas em ativos prontos para enfrentar desafios modernos, como a detecção de fraudes por meio de inteligência artificial ou a realização de transações financeiras em alta velocidade.
No contexto governamental, essa revolução tecnológica ganha um sabor especial, especialmente quando relacionada à realidade brasileira. Em um país onde os processos administrativos frequentemente se assemelham a um samba com passos inesperados, a integração de práticas modernas em sistemas legados pode ser comparada a transformar uma tradicional roda de samba em um festival de inovação – com ritmo acelerado e muita criatividade. A modernização não só melhora a produtividade, mas também serve como um antídoto contra a imagem de sistemas arcaicos e ineficientes.
Universidades e Laboratórios: O complemento da inovação
Enquanto agências governamentais se reinventam, o setor educacional também aposta na modernização para impulsionar a pesquisa e a inovação. Em um exemplo paralelo e complementar, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) inaugurou um laboratório de ponta para computação de alta performance e inteligência artificial, fruto de um investimento de R$ 2,2 milhões pelo governo do estado, conforme noticiado em 24 de abril de 2025. Batizado de Laboratório Virtual de Ensino, Extensão e Pesquisa em IA/GEN/CQ/HPC, o espaço foi desenhado para suportar pesquisas que abrangem desde metodologias de IA até computação quântica e genômica.
O exemplo da UFSC destaca que a modernização não se restringe ao setor público tradicional, mas se estende a instituições de ensino e pesquisa que desempenham um papel vital na capacitação da nova geração de profissionais de TI. A aquisição de um servidor de inteligência artificial, o Nvidia DGX H100, promete acelerar experimentos e aumentar a produtividade, demonstrando que a integração de tecnologia de ponta com uma base sólida é a chave para avanços significativos. Assim como os mainframes se modernizam para acompanhar as crescentes demandas dos governos, os laboratórios acadêmicos estão se transformando para se tornarem centros de referência para pesquisas em diversas áreas do conhecimento.
A convergência entre a modernização governamental e os investimentos em infraestrutura de ponta demonstra que a TI pública não está mais confinada a paradigmas ultrapassados. Por meio da requalificação dos mainframes e a implementação de práticas ágeis, o setor público se prepara não apenas para manter sua eficiência, mas também para abraçar inovações que prometem transformar a forma como serviços essenciais são prestados à população.
Além disso, o uso de inteligência artificial na refatoração de códigos e na integração das equipes de desenvolvimento mostra que, mesmo em ambientes historicamente conservadores, há espaço para a adaptação e a evolução. Esse movimento é especialmente relevante no Brasil, onde o tradicionalismo muitas vezes convive com a necessidade urgente de modernização; um equilíbrio que, embora desafiador, se revela fundamental para garantir que os serviços públicos continuem a atender às demandas de um mundo digital cada vez mais complexo.
Em síntese, a modernização dos mainframes e os investimentos em laboratórios de alta performance são mais do que iniciativas tecnológicas – representam uma nova era na forma como a TI governamental encara velhas estruturas. Ao unir tradição e inovação, o setor público encontra na evolução de sistemas legados a oportunidade de transformar desafios em grandes histórias de sucesso, com a promessa de um futuro onde a eficiência, a segurança e a escalabilidade caminham lado a lado com o espírito inovador das novas gerações.